As palestras sanidade do gado leiteiro, qualidade do leite e boas práticas na ordenha, segundo Bento Barreto, visam informar e desmistificar conceitos erroneamente acreditados e perpetuados sobre o manejo leiteiro no Amazonas, principalmente em relação aos pequenos produtores. Para ele, que é produtor leiteiro e consultor de práticas de manejo pelo Sebrae, a iniciativa do programa é muito boa, pois esclarece dúvidas e forma uma rede de troca de ideias e experiência com os produtores.
“O grande carro chefe para o sucesso do manejo leiteiro é o planejamento. É nele que temos o necessário para enfrentar uma crise ou evitá-la”
Para o produtor, é essencial o conhecimento dos problemas que envolvem a área. Pensando nisso, sua palestra explanou sobre os principais problemas enfrentados no mercado de lactação, a saber: Brucelose, tuberculose, mamites ou mastites, e verminoses.
Brucelose
A brucelose é uma doença bovina comumente conhecida como aborto infeccioso ou febre de malta, causada pela bactéria Brucella abortus . A infecção acontece por via oral ou durante parto da fêmea infectada. Esta passará a doença ao bezerro, que por efeito, terá um desenvolvimento menor que o esperado para os de sua linhagem.
A principal consequência é o aborto no final da gestação, além do nascimento de bezerros mortos ou fracos. O aborto geralmente ocorre na primeira gestação, sendo menos comum em outras gestações da vaca possuinte do vírus. Nos machos, ocorre a inflamação dos testículos podendo deixar o animal infértil. A brucelose também pode acometer os humanos, por isso exige extremo cuidado ao se identificar a doença. O melhor a ser feito nessa fase é o isolamento por parte do animal infectado e o tratamento com antibióticos adequados.
Tuberculose
A tuberculose não possui sintomas claros, portanto, demanda atenção para ser diagnostica, mas provoca perda de peso e tosse. Não existe tratamento efetivo para tuberculose em bovinos, o que leva o produtor, após observar o problema, a isolar o animal e como medida protetiva a si e ao rebanho pedir a eutanásia do mesmo. Uma vez que a bactéria Mycobacterium bovis responsável por provocar a doença se espalha pelo ar, pode desencadear danos altíssimos ao rebanho se não erradicada.
Mamites ou Mastites
É uma doença provocada pelas bactérias Estreptococos ou Estafilococos. Problemas no modo de ordenhar as vacas e de higiene são as maiores causas para infecção. Para evitar a contaminação, basta manter o local limpo e observar as recomendações do fabricante do produto utilizado no caso de ordenhadeira industrial. Os sintomas são úbere inchado, avermelhado e concentração de calor no local, assim como perda de peso do animal. A qualidade do leite também pode ser afetada, deixando-o mais coalhado ou com flocos. Uma vez identificada a mamite, se prioriza a retirada do leite das vacas sadias e somente ao final da ordenha a vaca infectada, para garantir a proteção do rebanho. O tratamento é realizado com antibióticos.
Verminoses
Esta é a maior causa de perdas de produtividade na produção leiteira. Para prevenir as verminoses, o ideal é fazer o controle dos parasitos e também vermifugar os animais no período adequado. As verminoses não emitem sintomas clínicos, necessitando exames subclínicos para suas identificações. Em casos graves, causa o óbito do bovino. “Repassar minha experiência e conhecimentos na área é gratificante. Saio sempre com a sensação de que certos conceitos foram desmistificados. E, principalmente, transmitir a certeza de que a falta de cuidado no manejo afeta sim a qualidade de lácteos e seus derivados. Também estou esperançoso que a produção orgânica de produtos do leite possa atender às demandas de mercado para pessoas alérgicas e lactantes. Para produção leiteira, esse será um grande passo”.
Autora: Thaiza Brito